quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sonhar é preciso – parte 2

Fernando se sentia encurralado. Não sabia o que fazer. Lembrou-se das mulheres da História que não geravam homens... Pôs-se no lugar delas e vivenciou toda a angústia que essas infelizes, certamente, teriam sentido. Só que elas não tinham mesmo nenhuma culpa. Muitas delas viveram antes do nascimento da Genética. Mas, mesmo depois do surgimento dessa ciência, muitos maridos continuaram ignorando que eram eles que não forneciam o elemento Y responsável pela geração de um macho. A culpa era toda deles e não delas. De qualquer maneira, a vítima nesses casos foi sempre a mulher.
Agora a situação era outra. A acusação de Irene era procedente. Era ele que só fornecia o elemento Y e não o X que ela queria... Também, por que se casara com uma especialista em Genética? Mas, por outro lado, justamente por causa de sua profissão ela não deveria culpá-lo. Não dependia da vontade dele...
Acordou transpirando, angustiado. Como Freud explicaria essa confusão? Nem era bom pensar. Ainda bem, fora apenas um sonho!
Levantou-se e, enquanto se preparava para ir encontrar Irene no aeroporto, ria de seu sonho maluco. Três moleques! Nunca pensara nisso. Ele e Irene eram jovens, tinham ainda muito o que fazer: estudar, trabalhar, viajar e, principalmente, partilhar a vida a dois. Depois, viriam as crianças.
Bem, o melhor era deixar de lado o sonho e ir direto encontrar-se com Irene. Depois de 3 meses só ouvindo a voz dela pelo telefone ou Internet iria agora desfrutar de sua companhia todos os dias. Era a gloria! Para que ficar pensando nesse sonho extravagante, quase um pesadelo?
O encontro teve aquele encantamento que só os enamorados conhecem. Muitos beijos e abraços e, por fim, as novidades.
Fernando lhe contou o sonho e ambos riram muito. A alegria foi maior ainda quando Irene comunicou que estava grávida. Não contara antes porque não queria preocupá-lo. Ao mesmo tempo, era um acontecimento tão maravilhoso que bem merecia ser comunicado pessoalmente.
- É um menino, disse ela. Não fique preocupado, Fernando, pois ainda podemos ter mais dois garotos antes que eu me rebele. Até lá, talvez, a Genética esteja em condições de nos orientar na escolha do sexo do nosso quarto bebê.
Abraçados lá se foram os dois, felizes e cheios de esperanças.
Um novo sonho se delineava...

Um comentário:

Anônimo disse...

Hebe
Você sabe: sempre quis ter uma menina, mas vieram 5 guris.....Levava o brinco para a maternidade , esperando a Ana Paula.
No quinto , meu médico disse :Para ter uma filha, só se trocar de marido!!
Achei melhor fechar a fábrica.