sexta-feira, 22 de agosto de 2008

VELHICE
Não se preocupe com as distinções que fazem
entre idoso e velho. Não passa de um preciosismo como tantos outros.

Quando a velhice se aproximar, dê-lhe boas-vindas.
Ela é um bem que nem todas as pessoas conseguem alcançar. Daí o seu caráter precioso que merece um cuidado especial para que se possa dela usufruir na sua plenitude.
Quando ela se instala é inexorável! Ai daquele que a tratar com displicência!
Ela demanda uma certa preparação e também a disposição de aceitá-la como época de colheita, de disponibilidade para a descoberta de aptidões até então desconhecidas.
Lembre-se dos muitos caminhos sondados na sua juventude. Muitos deles eram extremamente atraentes, mas não lhe garantiriam a independência econômica tão desejada e necessária nessa fase da vida. Por isso, foram abandonados. Na maturidade, para ter status e respeitabilidade na sua profissão, você optou por uma especialização. Não bastava ser bom na sua profissão. Precisava ser ótimo! Com isso, o restante do seu potencial foi apenas arranhado, só superficialmente explorado.
É na Terceira Idade que pode se dar ao luxo de “borboletear”, experimentar... Que tal voltar a estudar? Já pensou no desafio que é prestar um novo vestibular? De enveredar por algum ramo da arte? Escrever? Pesquisar? A Informática está aí acenando um mundo de possibilidades. Aventure-se!
Você está livre para dispor do seu tempo e dinheiro. Os filhos criados já se bastam. O seu compromisso é manter-se saudável. Os cuidados com a saúde são essenciais. Já os antigos apregoavam: “mens sana in corpore sano”. Programe-se. Faça caminhadas, alimente-se adequadamente, esteja atento para qualquer sintoma que fuja a norma, alargue seu círculo de amizades, participe das atividades da família...
AH! Se tiver netos desfrute da companhia d eles, mas tenha sempre presente que os tempos são outros... Esse convívio será bom. É uma oportunidade impar para você transmitir coisas boas de seu tempo e que estão desaparecendo... Devolva à criança de hoje a riqueza de de uma verdadeira infância. Contar, inventar histórias para os netos é simplesmente maravilhoso. Pode-se dar a eles a possibilidade de imaginar a história a seu modo, desenvolvendo sua capacidade criativa. Dê-lhes a oportunidade de cada um ter a sua Cinderela, de acordo com as suas preferências. Não será aquela que os “enlatados” lhe ofereceram, igualzinha a de todo o mundo. Esse relacionamento será encantador para ambos os lados... Experimente!
A preocupação em manter-se atualizado, a busca em compreender as constantes mudanças do mundo, faz do velho um moço. Tenha uma atitude positiva e não se lamurie pelo que já passou e nem pelos problemas que surgem. Enfrente-os e viva!
Só assim a velhice se tornará rica e prazenteira.

Menção honrosa - Concurso de crônicas e contos - Folha do Servidor Público - 1997

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sonhar é preciso – parte 2

Fernando se sentia encurralado. Não sabia o que fazer. Lembrou-se das mulheres da História que não geravam homens... Pôs-se no lugar delas e vivenciou toda a angústia que essas infelizes, certamente, teriam sentido. Só que elas não tinham mesmo nenhuma culpa. Muitas delas viveram antes do nascimento da Genética. Mas, mesmo depois do surgimento dessa ciência, muitos maridos continuaram ignorando que eram eles que não forneciam o elemento Y responsável pela geração de um macho. A culpa era toda deles e não delas. De qualquer maneira, a vítima nesses casos foi sempre a mulher.
Agora a situação era outra. A acusação de Irene era procedente. Era ele que só fornecia o elemento Y e não o X que ela queria... Também, por que se casara com uma especialista em Genética? Mas, por outro lado, justamente por causa de sua profissão ela não deveria culpá-lo. Não dependia da vontade dele...
Acordou transpirando, angustiado. Como Freud explicaria essa confusão? Nem era bom pensar. Ainda bem, fora apenas um sonho!
Levantou-se e, enquanto se preparava para ir encontrar Irene no aeroporto, ria de seu sonho maluco. Três moleques! Nunca pensara nisso. Ele e Irene eram jovens, tinham ainda muito o que fazer: estudar, trabalhar, viajar e, principalmente, partilhar a vida a dois. Depois, viriam as crianças.
Bem, o melhor era deixar de lado o sonho e ir direto encontrar-se com Irene. Depois de 3 meses só ouvindo a voz dela pelo telefone ou Internet iria agora desfrutar de sua companhia todos os dias. Era a gloria! Para que ficar pensando nesse sonho extravagante, quase um pesadelo?
O encontro teve aquele encantamento que só os enamorados conhecem. Muitos beijos e abraços e, por fim, as novidades.
Fernando lhe contou o sonho e ambos riram muito. A alegria foi maior ainda quando Irene comunicou que estava grávida. Não contara antes porque não queria preocupá-lo. Ao mesmo tempo, era um acontecimento tão maravilhoso que bem merecia ser comunicado pessoalmente.
- É um menino, disse ela. Não fique preocupado, Fernando, pois ainda podemos ter mais dois garotos antes que eu me rebele. Até lá, talvez, a Genética esteja em condições de nos orientar na escolha do sexo do nosso quarto bebê.
Abraçados lá se foram os dois, felizes e cheios de esperanças.
Um novo sonho se delineava...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sonhar é preciso – parte 1

Há três meses Fernando estava nos Estados Unidos fazendo um curso de pós-graduação em História. Depois de muito estudo tinha conseguido essa oportunidade tão desejada.
Enquanto se preparava para realizar seu sonho, um outro surgiu de um modo avassalador: reencontrou uma antiga namorada, sua paixão na adolescência. Não é preciso dizer mais nada. O casamento aconteceu. Uma coisa, entretanto, não saíra a contento. Irene tinha um compromisso que só a liberaria dentro de alguns meses. Assim mesmo resolveram se casar antes dele partir.
Fernando viajou sozinho logo depois da lua-de-mel.
Agora estava ansioso. Irene chegaria no dia seguinte. Sem sono resolveu ler. Pegou uma revista e depois de folheá-la optou por um artigo, de certo modo, ligado a sua especialidade: “A mulher noutros tempos”. Vira sempre a situação da mulher através da História de um modo fragmentado: Reis que repudiavam suas esposas e, à vezes, a condenavam a morte por não gerarem varões, utilização de cintos de castidade, mutilações genitais, discussões sobre se elas teriam ou não alma... Nesse artigo, entretanto, todas essas barbaridades apareciam de uma só vez mostrando todo o sofrimento dessa metade da população do mundo. Não era à toa que muitas mulheres se insurgiram formando movimentos reivindicatórios...
Cansado, Fernando acabou dormindo. Foi um sono agitado. Sonhou que estava numa casa grande, com a mulher e três irrequietos garotos. O ambiente parecia hostil e sua mulher estava muito zangada. Era difícil reconhecer a suave Irene nessa mulher insatisfeita. Por que estaria ela tão agressiva?
Com espanto, Fernando percebeu que era ele a razão desse descontentamento. Vinha ela agora com aquela história de que a culpa era dele de só terem varões. Ela queria, porque queria, uma menina!

Continua...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

PROFESSOR: VALE A PENA SER? – parte 2

Ora, como permitir que isso aconteça quando temos o privilégio de ter nas mãos a possibilidade de participar efetivamente na construção de um mundo melhor? Não, não é exagero!
Quem melhor que o professor pode contribuir para “fazer cabeças bem feitas ao invés de cabeças cheias ” ? É ele que pode incentivar a crítica e a auto-critica nos seus alunos levando-os à lucidez e compreensão e, de modo mais amplo, a mobilização de todas as aptidões humanas. Estaria aí um caminho para se viver melhor.
Vivemos uma época de incertezas num mundo em constante mudança. Novamente é o professor que pode fazer a convergência de diversos ensinamentos, mobilizando várias ciências e disciplinas para enfrentar essas incertezas. É ele ainda que pode incentivar seus alunos a aceitarem com fé e esperança todos esses desafios.
Todas essas cogitações voltadas para o aprendizado da vida e para a consciência da condição humana, resultantes de uma filosofia de vida, devem estar presentes na missão de ensinar.
Há ainda um outro aspecto a ser salientado. Não é só o aluno o beneficiado quando o professor se empenha em ensina-lo a viver. O professor também aprende... Se o bom aluno é uma recompensa, o difícil é um desafio que nos impulsiona a analisar nossa atuação e buscar, em nós mesmos, a razão dessa indiferença. As palavras de Paul Valery ilustram bem essa situação: “Todas as atividades do espírito cessariam se os jovens ficassem, um dia, contentes com o que existe.” Então, por que não oferecer ao jovem inconformado uma nova abordagem do que ensinamos e, com ele, também crescer?
Daí a minha crença: Vale a pena ser professor!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

PROFESSOR: VALE A PENA SER? – parte 1

Ser professor... Para uns é maravilhoso! Para outros, nem tanto. Por quê?
Ser professor não é uma tarefa fácil. Exige qualidades que nem todos possuem e sacrifícios que muitos não estão dispostos a fazer. Bem ou mal preparados, jovens põem-se a ensinar e aí começa o encantamento ou a desilusão por esse mister.
Lecionei durante 33 anos e há tempos estou aposentada. Conheci todas as dificuldades inerentes a esse trabalho. E não foram poucas. Mesmo assim, todos os obstáculos iam se transformando em desafios. Eram convites para ultrapassa-los e, uma vez isso feito, novas facetas iam surgindo me impulsionando para “ir além”...
Os conhecimentos adquiridos na minha formação para o magistério constantemente precisavam ser revistos, ampliados, reformulados e, algumas vezes, substituídos. Afinal, não se pode ter a pretensão de sair de um curso “pronto e acabado como Minerva da cabeça de Júpiter”. A preocupação em adequar meus conhecimentos com a realidade sempre esteve presente no meu dia-a-dia. Mesmo depois de aposentada procurei atualizar-me e analisar criticamente a minha atuação enquanto lecionava. Muitas coisas, hoje, eu poderia fazer melhor...
Sempre soube que para conseguir um bom resultado não bastava transmitir conhecimentos, só especializar-me e fazer carreira. Todas estas atividades eram simplesmente reducionistas para alguém que se propunha ensinar. Era algo mais amplo. Era uma missão de transmissão que exigia competência, técnica e arte.
Quando Platão dizia que “Educar é dar ao corpo e a alma toda beleza e perfeição de que são suscetíveis” chamava atenção para um requisito essencial para que isso acontecesse: o eros, que é a um só tempo, desejo, prazer e amor; desejo e prazer de transmitir, amor pelo conhecimento e amor pelos alunos. Na sua ausência, os professores ficarão infelizes e os alunos entediados...
Continua....

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Livros na Bienal

Livros de minha autoria estarão na Bienal no estande do Grupo Editorial Scortecci (Av.1 Ruas C/D). São eles:

  • Titulo: Elas, as pioneiras do Brasil - A memoravel saga dessas mulheres
    Autora: Hebe C. Boa-Viagem A. Costa
    Editora Scortecci - São Paulo - 2005
    440 pags. R$35,00

    A Historia do Brasil narrada a partir de mulheres
    Um jeito peculiar de narrar a Historia do país a partir da biografia de 60 mulheres que se destacaram no decorrer dos 500 anos do Brasil, desde a sua descoberta. A autora relata a luta de mulheres pioneiras para alargar o seu espaço na sociedade, em diversos setores. Do papel secundário, a mercê da vontade masculina e considerada cidadã de segunda categoria, até sua emancipação , as mulheres seguiram por árduos e difíceis caminhos, que podem ser acompanhados neste livro. Nas palavras de Simone Beauvoir: Foi pelo trabalho que a mulher transpôs, em grande parte, a distancia que a separava do macho; e só o trabalho pode garantir-lhe uma liberdade concreta.

  • Titulo: Enfermeiras do Brasil
    Autoras: Secaf, Victoria e Costa, H. Boa-Viagem A.
    Editora Martinari São Paulo - 2007
    Páginas – 184 Preço: R$35,00

    Enfrentar um novo desafio foi a meta das autoras (com formação diversificada) ao tentar colocar num pequeno número de páginas a rica história de vida destas enfermeiras e os fatos principais do seu pioneirismo na profissão e na saúde do Brasil.
    Dar destaque apenas a quinze personagens de uma profissão nem sempre reconhecida e valorizada foi uma tarefa árdua, pois muitos aspectos mereciam dar outros enfoques. Além disso, é sabido que outras enfermeiras e deveriam ser incluídas.
    Este livro mostra o inicio da caminhada: a história destas enfermeiras faz conhecer a profissão e a luta desenvolvida por elas na construção da enfermagem brasileira quanto ao ensino e exercício da profissão, vida associativa, divulgação através de revista e legislação específica.
    O objetivo foi despertar o interesse pelo tema e, para você, aluno, profissional ou docente de enfermagem, certamente a leitura deste livro irá ampliar suas perspectivas e proporcionar novos estudos sobre a profissão.
  • Titulo: Pois é... Cada um na sua!!!
    Autora_ Hebe C. Boa-Viagem A. Costa
    Editora – Rideel - São Paulo - 2002
    Páginas – 22 Preço – R$16,00

    Este livro, além de servir de forma lúdica como reforço no aprendizado de Ciências, tem como objetivo levar a criança a avaliar o seu autoconceito. Aborda o problema da identidade que envolve perguntas do tipo: Quem sou eu? Nasci do jeito que sou ou me tornei assim? O que me torna diferente das outras pessoas? Por que me comporto assim? Gosto ou não gosto da minha maneira de ser?
    A criança, ser ativo do ponto de vista cognitivo, capaz de estabelecer relações e construir conhecimentos, já fez comparações com outras crianças e formulou seu autoconceito.
    Através dos personagens da estória ela perceberá as diferenças individuais, aquilo que pode e o que não pode ser mudado na maneira de ser de cada um. Essa percepção permitirá que ela aceite o que lhe é próprio e a leve a desenvolver plenamente o seu potencial. Será, assim, estimulada a “ir além”, a buscar a excelência. Mudará o seu autoconceito para melhor e terá maior chance de ajustar-se num mundo tão cheio de diferenças.
    A sua leitura feita junto com um adulto será muito mais rica pois haverá possibilidade da troca de idéias, de dirimir dúvidas. Será também, para os dois, uma tarefa prazerosa.

  • Titulo: Ah! Essas crianças...
    Autora – Hebe C. Boa-Viagem A. Costa
    Editora Scortecci – São Paulo, 2008
    50 páginas
    Preço R$28,00

    São quatro pequenas histórias que retratam o dia-a-dia da criança no afã de compreender o mundo que a cerca . As novas experiências que alargam ou limitam seus desejos, que satisfazem sua curiosidade são muito significativas.
    “Surpresa”, “Pote ou geléia?”, “Cadê o mau humor da pintora?” e “O batizado” são registros singelos desse constante aprendizado.