domingo, 12 de abril de 2009

Comandantes de Capitanias Hereditarias - in Elas, as pioneiras do Brasil

Atendendo o pedido de C.M.V.V. - ES



Comandantes de Capitanias Hereditárias, as “capitoas”
Séc. XVI

Elas não vieram para o Brasil como comandantes de capitanias. Nem o rei as nomearia, pois não acreditava que elas fossem capazes de desempenhar essa função. Os maridos é que foram designados. Na sombra, elas foram o apoio do marido e, muitas vezes assumiram o posto, por pouco ou muito tempo e, em caso de doença ou morte do marido, o tempo que fosse necessário.

Ana Pimentel
Séc. XVI

Era esposa de Martim Afonso de Souza, donatário da capitania de São Vicente. Foi ela que iniciou o cultivo da laranja, do arroz, do trigo e a criação de gado na região, tornando a capitania muito próspera. Martim Afonso ficava livre para outras atividades que seu cargo exigia. E eram muitas!
Um ano depois de ter fundado a cidade de São Vicente, Martim Afonso, a pedido do rei, voltou para Portugal. Outras missões o aguardavam. Ana ficou à frente da capitania administrando-a de 1534 a 1544.

Brites Mendes de Albuquerque
Séc. XVI
Era esposa de Duarte Coelho Pereira e assumiu o comando da Capitania de Pernambuco, em 1554, após a morte do marido. Gilberto Freyre lhe dedicou apenas três linhas na sua famosa obra “Sobrados e Mocambos” ressaltando que os colonos ainda não estavam tão preocupados em estabelecer diferenças de atividades entre os sexos. Afinal, eles precisavam da ajuda feminina, embora não o confessassem, para o desempenho de suas funções. Daí o relato de G. Freyre:
“Foi nesse período de relativa indiferenciação, que uma capitania poderosa – a Nova Luzitânia – chegou a ser governada por uma ilustre matrona: D. Brites, mulher de Duarte Coelho.”

Luiza Grimaldi
Séc. XVI

A italiana Luiza Grimaldi, casada com Vasco Fernández Coutinho Filho, assumiu o comando da capitania do Espírito Santo depois da morte do marido, ocorrida em 1589. Nessa ocasião, os frades franciscanos, Antonio dos Mártires e Antonio das Chagas chegaram à capitania e iniciaram a construção do Convento de São Francisco em terras doadas por Luiza, em Vitória.
Em 1592 o pirata inglês Thomas Cavendish, com cinco naus, se aproximou da baia de Vitória. Colonos e índios se uniram para o confronto com os invasores. Mulheres e crianças se refugiaram na mata enquanto os piratas avançavam. A primeira nau, a Leicester, encalhou na ilha do Boi. Usando duas lanchas, os ingleses tentaram desembarcar em Penedo, mas foram atacados pelo fogo e flechas das trincheiras do norte e tiveram que recuar. Tentaram atacar no sul e também foram repelidos e, depois de muitas baixas, desistiram de saquear a vila de Vitória. A partir desse incidente, os índios goitacáses que antes eram hostis aos colonos, não mais os importunaram. O perigo comum serviu para que índios e colonos se entendessem.
Durante quatro anos Luiza Grimaldi administrou a Capitania do Espírito Santo provando que tinha capacidade para tanto. Em 1593 Luiza retirou-se para Portugal após o reconhecimento dos direitos de Francisco de Aguiar Coutinho, parente de Vasco Fernandes Coutinho Filho. Esse reivindicador, entretanto, só assumiu o posto depois de 1605.
Ao chegar em Portugal, Luiza recolheu-se ao Convento Dominicano do Paraíso, em Évora. Foi uma das depoentes no processo de beatificação de Anchieta.
Faleceu em Évora, em 1626.


Inês de Sousa
Séc. XVI
Uma hábil estrategista

Salvador Correia de Sá viera ao Brasil (1578-1598) com o cargo de Governador e se instalara com a família no Rio de Janeiro. Volta e meia precisava afastar-se do povoado para explorar o interior, aprisionar índios. Nessas ocasiões ia acompanhado por todos os homens da vila. Nela ficavam as mulheres, os velhos e as crianças. Os problemas rotineiros sua esposa, Inês de Sousa, ficava encarregada de resolver.
Certa vez, quando o governador e todos os homens estavam ausentes, três naus corsárias francesas apareceram no horizonte, em frente da Baia de Guanabara. Talvez o Rio de Janeiro fosse uma presa fácil, devem ter pensado os corsários.
E teria sido mesmo se Inês de Sousa não tivesse iniciativa e criatividade. Com o apoio do administrador eclesiástico da capitania ela pode por em prática o seu plano para evitar que os corsários atacassem e saqueassem a vila. Mandou que todas as pessoas vestissem armaduras masculinas e forjassem manobras de defesa nas praias. Em pouco tempo todos estavam a postos e deram inicio “às manobras”.
O plano deu certo. Os franceses, vendo toda aquela movimentação, desistiram da pilhagem e se afastaram da vila. Mais adiante, entretanto, extraíram pau-brasil no litoral. Afinal, Inês com sua estratégia fez acontecer “dos males, o menor”.
Fontes consultadas:
Freyre, Gilberto – Sobrados e Mocambos – Livraria Editora José Olympio – Rio de Janeiro;
Dicionário Mulheres do Brasil de 1500 até a atualidade – Ed.JorgeZahar;
Internet
o educaterra.terra.com.br/almanaque/diadamulher/mulheres16_anapimentel.htm;
o www.redegoverno.gov.br/mulhergoverno/ ;
o www.prossiga.br/bvmulher/cedim/ ;
o www.novomilenio.inf.br/cubatão/ch002.htm;
o www.vitoria.es.gov.br/secretarias/cultura/ihges/historico.htm-28k’;
o www.vitoria.es.gov.br/secretarias/cultura/ihges/cronologia.htm -70k;
o www.mulher500.org.br/biografia_indice.asp ;
o www.cmnmulheredemocracia.org.br/perfis_queiroz.htm - Ver Brites